A idade mínima para o rastreio do cancro da mama vai baixar
para os 45 anos, anunciou hoje à Lusa a secretária de Estado da Saúde, que
espera apenas a publicação da norma da DGS para a medida avançar.
Ana Povo adiantou que o Governo “já falou com a
Direção-Geral de Saúde [DGS] para fazer o alargamento do rastreio do cancro da
mama a mulheres a partir dos 45 anos”, tal como é indicado a nível europeu.
“Nós tomamos decisões políticas, mas todos estes trabalhos
têm que se basear em normativas técnicas e indicações técnicas pelo que a
Direção-Geral de Saúde já está a trabalhar na norma relativamente ao rastreio
do cancro da mama e contamos que no espaço de mês e meio a dois meses esteja
publicada”, avançou a governante na data em que se assinala o Dia Mundial do
Cancro da Mama.
A partir daí, “todas as Mulheres a partir dos 45 anos vão
ter acesso ao rastreio do cancro da mama”, afirmou Ana Povo.
Questionada se a medida poderá ser aplicada ainda este ano,
a secretária de Estado disse que falou na sexta-feira com a DGS para tentar que
“a norma esteja publicada o quanto antes”.
“Poderemos depois analisar fazer uma repescagem das mulheres
que durante, por exemplo, este ano estejam nesse intervalo de idade entre os 45
e os 50”, adiantou.
A governante realçou a importância de avançar com esta
medida porque se tem observado, nos últimos anos, que “a incidência do cancro
da mama acontece cada vez em mulheres mais jovens”.
“O rastreio do cancro da mama, ao contrário de outro tipo de
rastreios, não é um rastreio de prevenção da doença. É aquilo que nós chamamos
um rastreio secundário do diagnóstico mais precoce possível da doença, porque
nós queremos tratar as mulheres que infelizmente venham a sofrer de cancro da
mama o mais precocemente possível”, salientou.
A secretária de Estado da Saúde adiantou ainda que o
Ministério da Saúde está a desenvolver com a DGS um modelo de governação dos
rastreios, com o objetivo de obter taxas de cobertura dos rastreios, quer das
doenças oncológicas, quer das doenças não oncológicas, que sejam pelo menos de
80%.
Atualmente, a recomendação da DGS para iniciar o rastreio é
aos 50 anos, uma norma que será agora atualizada pela autoridade de saúde,
cumprindo as recomendações da União Europeia emitidas há dois anos para
antecipar a primeira mamografia em cinco anos (para os 45 anos) e estender
o rastreio até aos 74 anos.
No Dia Mundial do Cancro da Mama, Ana Povo alertou que uma
em cada oito mulheres corre risco de sofrer desta doença.
“Além da prevenção, é preciso estar alerta para este
problema, é preciso fazer também a apalpação da mama em casa e, em qualquer
questão e em qualquer dúvida, recorrer ao seu médico de família, porque aqui
nós pontuamos, ser diagnosticado o mais cedo possível”, aconselhou.
Em Portugal, anualmente são detetados cerca de 9.000 novos
casos de cancro da mama e mais de 2.000 mulheres morrem com esta
doença, segundo dados divulgados pela Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC).
Segundo a LPCC, que desenvolve o programa de rastreio em
colaboração com os cuidados de saúde primários, até ao final de 2022 foram
realizadas mais de 5,3 milhões de mamografias de rastreio e encaminhadas para
diagnóstico e tratamento mais de 30.000 mulheres, o que permitiu um tratamento
menos agressivo, mais eficaz e, mesmo em muitos casos, a cura total.
Habitualmente, são enviadas cartas-convite às mulheres em
idade rastreável, atualmente entre os 50 e os 69 anos, inscritas nos centros de
saúde para realizarem, sem custos, uma mamografia.
As Unidades Móveis de Rastreio de Cancro da Mama são
deslocadas para os concelhos em intervalos de dois anos e estacionam
normalmente junto do centro de saúde local.