(Foto: Mais Musica Web Rádio )
A vila de Muge, no concelho de Salvaterra de Magos, enfrenta
há mais de um mês uma grave infestação de moscas que está a afectar o dia a dia
de moradores e comerciantes. A situação obriga muitos a manter portas fechadas,
recorrer a empresas de desinfestação e intensificar a limpeza das superfícies.
Durante a nossa visita à vila, confirmámos a presença
massiva de insectos, visíveis em faróis de carros, fachadas de edifícios e até
em roupas estendidas ao sol. Rita Raposo, moradora na Rua da Fonte Costa,
mudou-se de Marinhais para Muge a 27 de Outubro e foi recebida pelos sogros com
uma raquete eléctrica para matar moscas. "Já vivi no campo e sei que é
normal aparecerem algumas moscas quando se estruma a terra, mas isto é um
exagero. Encontrei mais de 50 moscas na casa-de-banho e dezenas no quarto",
conta.
Rita revelou que dias após se mudar começou a sentir um
cheiro intenso a estrume e, frustrada com a situação, denunciou o problema nas
redes sociais. Mais tarde, contactou a junta de freguesia e a câmara municipal,
que procedeu a uma desinfestação a 4 de Dezembro, intervindo na Rua da Fonte
Costa e na Rua Dom João V. Apesar das medidas, Rita afirma ter gasto muito
dinheiro em produtos ineficazes até encontrar, com ajuda do sogro, uma solução
melhor.
Comércio local prejudicado
A proliferação de moscas está também a afectar os negócios
locais. No restaurante de bifanas Silas, um dos mais conhecidos da região, a
proprietária Dolores Martins explica que, apesar de terem o espaço equipado e
recorrerem a empresas de combate a pragas, o problema aumentou os custos
operacionais e motivou reclamações de clientes. "Temos investido em
produtos específicos, mas o negócio sofreu com este fenómeno", lamenta.
No Minimercado Madureira, situado a menos de 100 metros, o
proprietário Nuno Madureira refere que tem sido necessário fechar as portas
constantemente, o que leva os clientes a pensar que o espaço está encerrado.
"Moro no Cartaxo e lá não há nada disto. Aqui, colocamos um difusor, mas
não podemos fazer muito mais por causa da comida", explica, acrescentando
que em 14 anos de actividade nunca testemunhou algo semelhante.
Já Isabel Reis, que trabalha numa mercearia na Rua da
Glória, diz que a situação é "inacreditável". "É impossível
abrir as portas. Parece uma nuvem de moscas sempre que o sol bate",
descreve. Apesar de residir perto da Casa Cadaval, onde as moscas são comuns,
Isabel garante que nunca viu nada parecido e supõe que o problema pode estar
relacionado com as condições climáticas atípicas deste ano.
Medidas da autarquia
A Câmara Municipal de Salvaterra de Magos já tomou medidas
nas zonas mais afectadas, conforme explica o presidente Hélder Esménio. Além da
desinfestação, a autarquia solicitou à GNR que intensifique a vigilância nos
campos agrícolas, de forma a assegurar que os adubos são devidamente tapados no
prazo legal.
Enquanto isso, a população de Muge continua a enfrentar este
incómodo diário, aguardando por uma solução definitiva para o problema.