(Foto: Lusa)
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas
(ICNF) e outras entidades apresentaram hoje, em Salvaterra de Magos, os
resultados de um projeto de melhoramento genético do pinheiro-bravo,
desenvolvido com o objetivo de maximizar a produção de resina.
Coordenado pelo Instituto Nacional de Investigação Agrária e
Veterinária (INIAV), em colaboração com o ICNF, o Instituto Superior de
Agronomia (ISA), o Centro PINUS e a Faculdade de Ciências, o projeto foi
desenvolvido na Mata Nacional do Escaroupim, em Salvaterra de Magos, no
distrito de Santarém.
Segundo a professora auxiliar do ISA Paula Soares, o projeto
teve como foco principal a conservação e o melhoramento genético do
pinheiro-bravo para aumentar a produção de resina.
“Foram selecionadas uma série de árvores pela sua forma e
pelo seu crescimento (…) e o nosso objetivo era desenvolver um programa de
melhoramento genético que visasse a produção de resina”, explicou.
Os resultados obtidos nesta investigação abriram caminho
para a implementação de parques de melhoramento genético.
“Nós conseguimos provar que é possível fazer um programa de
melhoramento genético em que reproduzimos árvores, filhos da mesma mãe. E,
se a mãe for boa produtora, os filhos também irão ser”, disse.
Segundo Paula Soares, a produção de resina natural assume um
papel cada vez mais importante porque “enquadra-se perfeitamente dentro dos
conceitos da bioeconomia, que é desenvolvimento e atribuição de valor a
produtos biológicos e que têm origem na natureza, em oposição às resinas
sintéticas que são derivados de petróleo e que são produzidos nas indústrias”.
“A resina natural ganha aqui um nicho que é muito importante
e muito valorizado em termos europeus e é um conceito em que há muita fonte de
financiamento”, explicou.
Para rentabilizar e maximizar a produção deste bem natural,
está a ser desenvolvido um segundo projeto que tem como objetivo “otimizar a
produção de resina na floresta portuguesa” e identificar “as espécies mais
rentáveis na produção de resina”.
Este projeto servirá como base para a implementação de novos
programas de melhoramento genético e pretende propor alterações ao decreto-lei
que regula a atividade de resinagem, permitindo o uso de técnicas mais
eficientes.
“Nós, em Portugal, não podemos utilizar certos métodos de
resinagem, porque nós temos uma lei, que define o modo como podemos resinar. E
nós queremos, com este projeto, ter conclusões que depois o ICNF pudesse usar
para fazer alterações ao decreto-lei e para, eventualmente, permitir que se
pudesse utilizar tipos de resinagem” mais eficazes e eficientes.
A produção de resina é importante devido à sua ampla
aplicabilidade em diferentes setores industriais e económicos. As resinas podem
ser utilizadas na produção de equipamentos médicos e próteses, na produção de
medicamentos e cosméticos, bem como na produção de colas industriais, entre
outras aplicações.
Contudo, a produção nacional deste bem natural decaiu
drasticamente: em 1974, Portugal produzia 149 mil toneladas de resina;
atualmente produz apenas seis mil toneladas.
Com os novos projetos, Paula Soares espera promover a
“reabilitação da resina em Portugal” e sublinha que o setor tem potencial para
“criar empregos, fixar populações e impulsionar o desenvolvimento local”.
A apresentação, que decorreu no Auditório do Edifício do
Cais da Vala, contou ainda com a presença do diretor regional da Conservação da
Natureza e Florestas de Lisboa e Vale do Tejo, Rui Pombo, e Isabel
Carrasquinho, do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária.