Domingo, 22 de Dezembro de 2024

Regional

Publicada em 06/12/24 às 18:50h - 14 visualizações
Mata do Escaroupim serviu ensaio que visa aumentar produção de resina em Portugal

Lusa

 (Foto: Lusa)


O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e outras entidades apresentaram hoje, em Salvaterra de Magos, os resultados de um projeto de melhoramento genético do pinheiro-bravo, desenvolvido com o objetivo de maximizar a produção de resina.
Coordenado pelo Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), em colaboração com o ICNF, o Instituto Superior de Agronomia (ISA), o Centro PINUS e a Faculdade de Ciências, o projeto foi desenvolvido na Mata Nacional do Escaroupim, em Salvaterra de Magos, no distrito de Santarém.
Segundo a professora auxiliar do ISA Paula Soares, o projeto teve como foco principal a conservação e o melhoramento genético do pinheiro-bravo para aumentar a produção de resina.
“Foram selecionadas uma série de árvores pela sua forma e pelo seu crescimento (…) e o nosso objetivo era desenvolver um programa de melhoramento genético que visasse a produção de resina”, explicou.
Os resultados obtidos nesta investigação abriram caminho para a implementação de parques de melhoramento genético.
“Nós conseguimos provar que é possível fazer um programa de melhoramento genético em que reproduzimos árvores, filhos da mesma mãe. E, se a mãe for boa produtora, os filhos também irão ser”, disse. 
Segundo Paula Soares, a produção de resina natural assume um papel cada vez mais importante porque “enquadra-se perfeitamente dentro dos conceitos da bioeconomia, que é desenvolvimento e atribuição de valor a produtos biológicos e que têm origem na natureza, em oposição às resinas sintéticas que são derivados de petróleo e que são produzidos nas indústrias”.
“A resina natural ganha aqui um nicho que é muito importante e muito valorizado em termos europeus e é um conceito em que há muita fonte de financiamento”, explicou.
Para rentabilizar e maximizar a produção deste bem natural, está a ser desenvolvido um segundo projeto que tem como objetivo “otimizar a produção de resina na floresta portuguesa” e identificar “as espécies mais rentáveis na produção de resina”.
Este projeto servirá como base para a implementação de novos programas de melhoramento genético e pretende propor alterações ao decreto-lei que regula a atividade de resinagem, permitindo o uso de técnicas mais eficientes.
“Nós, em Portugal, não podemos utilizar certos métodos de resinagem, porque nós temos uma lei, que define o modo como podemos resinar. E nós queremos, com este projeto, ter conclusões que depois o ICNF pudesse usar para fazer alterações ao decreto-lei e para, eventualmente, permitir que se pudesse utilizar tipos de resinagem” mais eficazes e eficientes.
A produção de resina é importante devido à sua ampla aplicabilidade em diferentes setores industriais e económicos. As resinas podem ser utilizadas na produção de equipamentos médicos e próteses, na produção de medicamentos e cosméticos, bem como na produção de colas industriais, entre outras aplicações.
Contudo, a produção nacional deste bem natural decaiu drasticamente: em 1974, Portugal produzia 149 mil toneladas de resina; atualmente produz apenas seis mil toneladas.
Com os novos projetos, Paula Soares espera promover a “reabilitação da resina em Portugal” e sublinha que o setor tem potencial para “criar empregos, fixar populações e impulsionar o desenvolvimento local”.
A apresentação, que decorreu no Auditório do Edifício do Cais da Vala, contou ainda com a presença do diretor regional da Conservação da Natureza e Florestas de Lisboa e Vale do Tejo, Rui Pombo, e Isabel Carrasquinho, do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária.







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