“Dirigir a Câmara de Santarém foi o maior privilégio que me
deram” foi assim que Ricardo Gonçalves, de voz embargada pela emoção, definiu o
percurso de 18 anos ligado à Câmara Municipal de Santarém, 12 deles como
presidente, durante a última reunião do executivo que dirigiu, na sexta-feira,
30 de agosto.
O agora ex-autarca vai assumir a presidência do Instituto
Português do Desporto e da Juventude e despediu-se com casa cheia, com a sala
de reuniões apinhada de funcionários municipais. Os vários vereadores
interviram durante o ponto da ordem do dia que solicitava a suspensão do
mandato de Ricardo Gonçalves para desejarem felicidades no seu futuro.
O autarca diz que sai com o objetivo de deixar a autarquia
melhor do que a encontrou cumprido, reconhecendo ainda que “algumas coisas
correram melhores e outras piores”.
Vereadores e funcionários uniram-se numa salva de palmas ao
autarca, com excepção do vereador eleito pelo partido CHEGA, Pedro Frazão. O
também eleito deputado da Assembleia da República deixou palavras pouco
respeitosas ao autarca e a todo o executivo, que proporcionou um exaltar de
ânimos e trocas de acusações pouco próprias de uma reunião de executivo, que
foi subindo de tom chegando a ter mais parecenças uma “discussão de café”.
Como resposta às provocações do eleito pelo partido mais à
direita do executivo, Ricardo Gonçalves usou uma passagem bíblica “como
cristão” que é – “Os humilhados serão exaltados”. Ainda assim o autarca não
escondeu a vontade de “responder de outra maneira” mas diz que não o fez por
ter muito respeito à mãe que se lesse o que iria dizer “ficaria muito
chateada”.