Autocarro de passageiros abalroou de forma violenta
automóveis parados em segunda fila que acabaram por causar danos noutros
veículos e num marco de água em Vialonga. O condutor diz ter sido encadeado
pelo sol mas ao soprar no balão acusou uma taxa muito superior ao mínimo
permitido por lei.
O motorista do autocarro da Carris Metropolitana que bateu
em dois carros estacionados em segunda fila em Vialonga na manhã de domingo, 14
de Julho, conduzia com excesso de álcool no sangue. Da colisão acabaram por
resultar ainda danos em mais dois automóveis e num marco de água.
O MIRANTE confirmou, junto de fonte oficial, que num primeiro momento o
motorista, de nacionalidade brasileira, tentou justificar o acidente com o
facto de se ter encadeado com o sol, mas ao soprar no balão acusou uma taxa de
álcool no sangue superior a 1,2 gramas de álcool por litro de sangue (g/l), o
que constitui crime. O limite máximo por lei para motoristas de veículos de
passageiros é de 0,2 g/l. Por esse motivo os militares da GNR que tomaram conta
da ocorrência levaram o condutor directamente para o posto de Vialonga para
realizar contra-prova. Os factos vão agora ser remetidos ao tribunal.
O autocarro, que seguia de Vialonga para o Campo Grande, em Lisboa, levava
apenas um passageiro a bordo e embateu violentamente em dois carros que estavam
parados em segunda fila na Rua 28 de Setembro, arrastando-os até provocarem
outras colisões com outros carros que estavam estacionados no local. Pelo meio
foi arrancado também um marco de água, o que obrigou à intervenção dos Serviços
Municipalizados de Água e Saneamento de Vila Franca de Xira.
Nessa manhã estavam bastantes pessoas na zona devido à proximidade do mercado
semanal. Do aparatoso acidente resultaram apenas dois feridos ligeiros que não
precisaram de ir ao hospital e que foram assistidos no local pelos Bombeiros de
Vialonga.
Vários moradores da zona que presenciaram o acidente disseram a O MIRANTE que o
condutor não aparentou fazer qualquer esforço para travar a tempo de evitar o
embate. Para muitos motoristas também é verdade que a falta de fiscalização do
estacionamento abusivo em várias localidades não facilita a tarefa,
levantando-se a questão se, não havendo estacionamento em segunda fila naquele
local, o acidente teria acontecido.
Queixas e reclamações são frequentes
Este acidente com o autocarro da Carris Metropolitana vem confirmar os receios
da comunidade expressos nas mais de duas mil queixas já apresentadas por
passageiros face ao funcionamento daquela empresa, incluindo atrasos, má
conduta dos motoristas, falta de autocarros e alterações inesperadas de
carreiras. Tal como O MIRANTE já tinha noticiado em Abril último, os
passageiros apresentaram 2.153 reclamações no Portal da Queixa relativamente à
Carris Metropolitana desde que esta entrou em funcionamento em Junho de 2022. A
maior parte das queixas diz respeito precisamente à má conduta dos motoristas.
Segundo os dados disponíveis, mais de 12% dos passageiros denunciaram casos de
motoristas que conduziram de forma considerada perigosa e não respeitaram
paragens ou cometeram infracções de trânsito. Existe também o outro lado da
moeda, com motoristas a queixarem-se de serem mal tratados, desrespeitados,
insultados ou até agredidos, quer por passageiros quer por condutores de
veículos mal estacionados que não gostam de ser confrontados com esse facto. O
MIRANTE está a tentar apurar o número de queixas existentes de condutores em
relação a má conduta dos passageiros.
Também os autarcas de Vila Franca de Xira consideraram em Abril que nem tudo
gira sobre rodas na Carris Metropolitana e pediram para que seja efectuado um
inquérito de satisfação dos serviços, para obter uma reacção concreta dos
utilizadores sobre a qualidade do serviço que está a ser prestado, não se
sabendo ainda quais as conclusões.