A tradicional Festa da Amizade em Benavente, conhecida pela
famosa sardinha assada, teve este ano um clima adverso, com a chuva a marcar
presença e a influenciar o primeiro dia de celebrações. Nuno Rodrigues,
presidente da Comissão da Sardinha Assada 2024, afirmou que, apesar das
condições meteorológicas desfavoráveis, o espírito da festa manteve-se firme.
“Este ano fomos atraiçoados pelo tempo. O primeiro dia da Festa da Amizade
ficou um pouco estragado pela chuva, mas ninguém pode controlar. O nosso único
objectivo foi ter a sardinha, o vinho e o pão na rua, com toda a gente a
festejar a amizade”, declarou Rodrigues.
A logística da festa envolveu a disponibilização de 5 mil quilos de sardinhas,
10 mil unidades de pão e 5 mil litros de vinho caseiro. As sardinhas,
provenientes de um fornecedor do Porto Alto, foram adquiridas na lota de
Peniche, e custaram cerca de 10 mil euros. O orçamento total da festa,
organizado por uma comissão sem fins lucrativos, ascendeu a 120 mil euros. Mil
quilos de sardinhas foram vendidos à população de Benavente nas primeiras horas
da manhã de 29 de Junho, enquanto um novo carregamento de quatro toneladas foi
oferecido à população na noite de sábado. “A Câmara Municipal de Benavente
cedeu-nos o espaço do estaleiro para vendermos a quem se mostrou interessado”,
explicou Nuno Rodrigues.
Críticas e impacto no comércio local
A festa, contudo, não esteve isenta de críticas. Um comerciante local, que
preferiu manter o anonimato, expressou o seu descontentamento com a
configuração do evento, destacando que os comerciantes locais são colocados de
lado. “É preciso adaptar o negócio face à Festa da Amizade. Até fazemos mais
negócio, mas fico indignado porque pagamos impostos durante todo o ano e outros
vêm para cá explorar a festa, colocando casetas em frente aos cafés”, afirmou,
apontando também responsabilidades ao presidente da câmara.
“A autarquia reúne com a comissão da festa o ano inteiro e os comerciantes
ficam de lado. Não queremos que a festa seja só para os comerciantes, porque
nós também não conseguimos dar resposta a esta gente toda, contudo nós pagamos
os nossos impostos, viemos de dois anos de pandemia e durante as festas põem
estas casetas à porta dos cafés. Esta terra é governada durante um mês pela
comissão da sardinha assada”, lamentou o trabalhador da pastelaria D. Urraca.
Susana Belga, sub-gerente do restaurante Pizzas da Praça, notou uma diminuição
no movimento da esplanada devido à chuva, mas referiu que o restaurante esteve
cheio. “A festa da sardinha assada traz sempre gente ao nosso concelho, e como
tal ficam a conhecer a zona e sempre dão um passeio no comércio local”,
comentou. Já Paula Silva, técnica de vendas na Óptica Central, observou que a
afluência não aumentou durante os dias da festa. “O ambiente é diferente nas
ruas de comércio, mas durante estes dias a afluência não aumenta, exceptuando
um ou outro cliente que procura os nossos serviços por causa de uma urgência”,
disse.
Eduardo Sousa, da Loja do Eduardo, relatou uma queda de 50% no negócio durante
a semana da Festa da Amizade. “As pessoas retraem-se mais porque precisam de
gastar mais dinheiro para comer e receber quem vem”, explicou, atribuindo a
redução de vendas ao aumento dos gastos dos consumidores em alimentação durante
a festa e às dificuldades de trânsito.