A Casa da Irmã Lúcia, em Aljustrel, Fátima, que recebe 300
mil visitantes por ano, vai ser reaberta ao público na sexta-feira, 5 de Julho,
após oito meses de obras de restauro e de museologia, que custaram mais de 338
mil euros. Marco Daniel Duarte, director do Departamento de Estudos e do Museu
do Santuário de Fátima, explicou que, “do ponto de vista da museologia”, a
Casa-Museu foi preparada olhando para o imóvel na perspectiva do que os
peregrinos procuram encontrar. “Não a Lúcia [religiosa] doroteia ou carmelita,
mas a Lúcia da infância”, elucida.
A intervenção foi feita a partir dos relatos de Lúcia de
Jesus nas suas memórias e “outros escritos, onde refere o que havia em cada
divisão”. Assim, os visitantes desta Casa-Museu, a pouco mais de dois
quilómetros do santuário da Cova da Iria, encontram a residência de uma família
rural dos finais do século XIX, início do século XX, com os quartos com mobília
da época, a cozinha com os respetivos artefactos, uma sala com um tear e uma
máquina de costura, a arrecadação com a arca para os cereais e, num anexo, a
casa do forno.
Em cada divisão, são projetadas frases escritas pela Irmã
Lúcia, a mais velha dos três pastorinhos que, em 1917, foram protagonistas dos
acontecimentos de Fátima. “Lúcia é uma figura incontornável de uma história
globalizada desde a primeira hora”, pelo que “não é de estranhar que à sua
volta se tenham criado narrativas que não correspondem à verdade”, disse o
director do Museu do Santuário, durante uma visita à casa dirigida aos órgãos
de comunicação social.
Para evitar incorrecções, toda a intervenção foi sustentada
em documentos escritos. Marco Daniel Duarte sublinhou que o trabalho foi
pluridisciplinar, acrescentando que também a casa dos santos Francisco e
Jacinta Marto – primos de Lúcia -, a 200 metros de distância, vai ser objecto
de restauro e de intervenção museológica. A casa onde Lúcia de Jesus nasceu e
viveu nos seus primeiros anos de vida com os seus pais e irmãos foi palco dos
primeiros interrogatórios aos videntes.
A reabertura da Casa-Museu da Irmã Lúcia ocorre em plena
semana do curso de verão deste ano do Santuário de Fátima, que tem como tema
“Lúcia de Jesus: de criança anónima a figura maior do catolicismo
contemporâneo”. Nesta edição, pretende-se aprofundar a biografia e o contexto
histórico em que viveu a vidente de Fátima, com especial foco para as
instituições religiosas a que pertenceu.
No dia 13, assinala-se o primeiro aniversário da leitura do
decreto que proclama as “virtudes heroicas" da Irmã Lúcia, cuja
promulgação foi autorizada pelo Papa Francisco em 22 de Junho de 2023. A
promulgação deste decreto, lido em Fátima pelo bispo de Coimbra, Virgílio
Antunes, “abre caminho à beatificação da irmã Lúcia de Jesus e do Coração
Imaculado (…), figura central no conhecimento e divulgação da Mensagem dirigida
à humanidade por Nossa Senhora nas Aparições na Cova da Iria, em 1917, faltando
agora um milagre”.
Lúcia de Jesus nasceu em 28 de março de 1907, em Fátima.
Após a morte dos primos – os santos Francisco e Jacinta Marto -, Lúcia
ingressou no Instituto das Irmãs de Santa Doroteia em 1925, onde permaneceu até
1948. Entrou no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, a 25 de Março de 1948,
onde permaneceu até à sua morte, em 13 de Fevereiro de 2005