Um cometa poderá ser visto a olho nu no domingo em Portugal,
numa curta janela de oportunidade que se abre às 19:35 (hora de Lisboa).
Trata-se do cometa C/2023 A3 Tsuchinshan-ATLAS, detetado em
janeiro de 2023 por telescópios do Observatório Tsuchinshan, na China, e
confirmado pelo telescópio ATLAS da África do Sul.
Em declarações à Lusa, o astrofísico Nuno Peixinho disse
que, a manterem-se as condições de observação do céu, sem nuvens, o cometa
poderá ser visto a olho nu em Portugal no domingo “40 minutos depois do
pôr-do-sol, olhando para oeste, ou seja, às 19:35”.
Segundo o investigador do Instituto de Astrofísica e
Ciências do Espaço, “a janela de oportunidade” para observar o cometa,
preferencialmente de um local com pouca poluição luminosa, “é pequena”, uma vez
que depois das 20:00 “já está muito baixinho no horizonte e será muito difícil
conseguir vê-lo”.
Nuno Peixinho chama a atenção para “não confundir” o cometa
com “o forte brilho do planeta Vénus”, que, no horizonte, estará à sua
esquerda.
No domingo, o Observatório Geofísico e Astronómico da
Universidade de Coimbra irá promover uma sessão de observação entre as 19:20 e
as 20:00.
Nesse dia, segundo Nuno Peixinho, o cometa estará a quase 71
milhões de quilómetros da Terra e a pouco mais de 82 milhões de quilómetros do
Sol, quando “a distância média da Terra ao Sol, chamada unidade astronómica, é
de cerca de 150 milhões de quilómetros”.
De acordo com o astrofísico, o cometa poderá ainda ser
observado na próxima semana, mas possivelmente apenas com o auxílio de um
telescópio, já que vai perdendo luminosidade diariamente, à medida que se
afasta cada vez mais da Terra e do Sol.
Depois da sua passagem próximo da Terra, o cometa C/2023 A3
Tsuchinshan-ATLAS continuará a sua viagem pelos confins do Sistema Solar,
possivelmente influenciado pela gravidade de outros planetas ou estrelas.
Os modelos orbitais sugerem que o cometa não voltará a
aproximar-se da Terra durante centenas de milhares de anos, isto se algum dia
regressar.
O cometa Tsuchinshan-ATLAS provém da Nuvem de Oort, um vasto
e distante reservatório de corpos celestes gelados que rodeia o Sistema Solar.
Antes de ser visível em outubro no hemisfério Norte, o
cometa pôde ser observado em finais de setembro no hemisfério Sul, na direção
leste do horizonte, ao amanhecer.
Por definição, os cometas são corpos celestes formados por
gelo, poeira e pequenas partículas rochosas. Ao aproximarem-se do Sol, o seu
brilho aumenta, uma vez que os materiais gelados que o compõem sublimam-se,
gerando uma atmosfera difusa em volta do seu núcleo, chamada coma, e uma cauda,
apontada na direção oposta ao Sol.