“O setor agrícola foi maltratado. Não existiu um Ministério
da Agricultura próximo e eficaz. Afastou os agricultores da terra e, mais
grave, afastou os jovens da agricultura”, disse o autarca assumindo que a
necessária mudança “não se avizinha fácil”.
Exemplificando com o que se passa com a produção de cebola,
que em 2017, quando entrou para a autarquia como vice-presidente, levava 30
produtores à FRIMOR, Santana Dias revelou que este ano são apenas 15, fruto da
pouco importância dada ao setor agrícola.
“Nos últimos anos, a agricultura e os agricultores foram
vistos como profissionais de menor importância”, lamentou o presidente da
Câmara de Rio Maior, agradecendo aos ceboleiros, a maior parte da freguesia de
Alvorninha, no concelho vizinho de Caldas da Rainha, “que teimam em não deixar
morrer esta atividade”.
Um dos ouvidos atentos na plateia era o secretário de Estado
Adjunto e Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, que concordou com a
análise de Filipe Santana Dias e defendeu a necessidade de “um corte
disruptivo” com o abandono e quase menosprezo da agricultura dado pelos
governos socialistas.
“Esquecer a agricultura é um erro crasso. Setor primário é a
base da lógica económica e que nos liga ao nosso território e as nossas
tradições”, disse o governante, que garantiu que o atual executivo vai fazer
“um corte com o passado”, tornando a agricultura uma prioridade.
Carlos Abreu Amorim defendeu ainda a necessidade de o país
segurar os seus jovens, mas não apenas os doutorados.
Quando o campo não planta a cidade não janta
A necessidade de atrair os jovens para a agricultura foi uma
das notas deixadas pela presidente da Assembleia Municipal de Rio Maior, Isaura
Morais, atual deputada e ex-presidente da autarquia riomaiorense, para quem é
fundamental dar incentivos para que os jovens possam desempenhar esta atividade
tão importante.
“Quando o campo não planta a cidade não janta”, disse Isaura
Morais, reforçando a importância do setor agrícola.
O presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Vítor Marques,
também presente na inauguração da FRIMOR 2024, revelou que em Alvorninha há
sinais de esperança no sucesso desta aposta, com três jovens com vontade de
desenvolver a atividade de ceboleiro.
O autarca espera que a nova NUT (Nomenclatura das Unidades
Territoriais para Fins Estatísticos), que são as divisões regionais existentes
em todos os estados-membros da União Europeia, que neste caso vai juntar
Ribatejo e Oeste “permita fazer mais e melhor” por este território.