(Foto: Mais Musica Web Rádio )
Na manhã do dia 28 de dezembro, realizou-se uma visita à
antiga Pedreira do Manuel Fernandes, atualmente conhecida como Pedreira do
Espanhol, localizada nas encostas da Serra d’Aire, no concelho de Torres Novas.
Esta visita teve como objetivo apresentar ao público a descoberta de novos
trilhos de pegadas de dinossáurios, dispersos por uma área de cerca de 10.800
m², num estrato calcário datado do Jurássico Médio, ou seja, com cerca de 168
milhões de anos.
A iniciativa contou com a presença de representantes de
diversas entidades, incluindo a STEA – Sociedade Torrejana de Espeleologia e
Arqueologia, o Município de Torres Novas, o ICNF – Instituto da Conservação da
Natureza e das Florestas, a CCDR LVT – Comissão de Coordenação e
Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, a Comissão de Cogestão do
Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, além de membros da comunidade
científica.
No local, que atualmente está em fase de limpeza, já foram
identificadas pegadas de saurópodes – “mãos” e pés – de diferentes tamanhos. Os
trabalhos em curso visam o reconhecimento total dos trilhos e a eventual
identificação de outros fósseis, reforçando a sua importância paleontológica.
Esta descoberta soma-se ao património existente no Monumento Natural das
Pegadas de Dinossáurios de Ourém – Torres Novas, tornando a região ainda mais
relevante no panorama geológico e paleontológico nacional.
O geólogo João Carvalho, que identificou a jazida há cerca
de 20 anos, esperou pelo momento oportuno para divulgar esta descoberta,
priorizando a proteção das pegadas da Pedreira do Galinha. Segundo o
investigador, é essencial preservar o local e promover visitas controladas,
utilizando os caminhos pedestres existentes para evitar danos irreversíveis.
Durante a visita, representantes de várias instituições
expressaram a sua preocupação com as atividades clandestinas de todo-o-terreno
(TT) na zona, que ameaçam a integridade do sítio. Galopim de Carvalho,
conhecido como o “avô dos dinossauros”, felicitou a descoberta e destacou a
relevância deste achado para o património nacional, apelando à mesma dedicação
que permitiu a proteção do Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios.
Vanda Santos, paleontóloga da Universidade de Lisboa,
mostrou-se entusiasmada com o potencial do local: “É preciso rastrear, estudar
em detalhe e retirar o máximo de informações deste sítio.” Por sua vez, Luís
Lopes, presidente da Associação Portuguesa de Geólogos, enfatizou a importância
das pegadas como ferramenta educativa e promotoras da geodiversidade.
Pedro Ferreira, Presidente da Câmara Municipal de Torres
Novas, sublinhou a necessidade de classificar oficialmente o local para
garantir a sua proteção e valorização. “O património natural da Serra d’Aire é
um tesouro, e este achado reforça a nossa missão de preservá-lo para futuras
gerações,” declarou.
Rui Pombo, diretor regional do ICNF, apontou a urgência de
um estudo científico aprofundado, que permita a promoção do sítio de forma
sustentada e sem artificialização, alinhada com os princípios de conservação do
património.
A descoberta na Pedreira do Espanhol reforça a riqueza
paleontológica e geológica da Serra d’Aire e Candeeiros, constituindo mais uma
peça importante na compreensão da história natural do território. Com a
articulação de esforços entre as entidades competentes e a comunidade
científica, espera-se que este património receba o reconhecimento e a proteção
que merece, tornando-se mais um ponto de referência na divulgação da ciência e
da geodiversidade em Portugal.