(Foto: Mais Musica Web Rádio )
A região ribeirinha do Escaroupim, situada nas
proximidades do majestoso Rio Tejo, é um local rico em história e
tradições. Este pequeno núcleo populacional, localizado a cerca de 100 metros
do Tejo e próximo da ribeira de Muge, apresenta uma ligação intrínseca ao rio,
cujas águas moldaram a sua identidade e desenvolvimento ao longo dos séculos.
Origem e Evolução Histórica
Os primeiros vestígios humanos no Escaroupim remontam ao
período neolítico. As comunidades de agricultores dessa época souberam
aproveitar a riqueza dos solos aluvionares, fertilizados pelas cheias cíclicas
do rio. Mais tarde, no período romano, a importância estratégica do Escaroupim
tornou-se evidente, sendo um ponto de confluência de duas vias romanas. Uma
delas seguia pela margem direita do Tejo em direção a Santarém, enquanto a
outra, pela margem esquerda, conduzia ao sul da Península Ibérica.
Durante a Idade Média, sob o reinado de D. Afonso V, o
Escaroupim destacava-se pela sua barca de passagem, que era um importante meio
de travessia do rio. Em documentos cartográficos, como o mapa de Álvaro Secco
de 1560, o Escaroupim já se encontrava referenciado, atestando a relevância
deste local.
As Aldeias Avieiras e o Escaroupim
A verdadeira transformação do Escaroupim iniciou-se no
século XIX, com a chegada dos pescadores avieiros provenientes da Praia
da Vieira, em Leiria. Estes pescadores migravam sazonalmente para o Tejo, em
busca de melhores condições de pesca durante os meses de inverno, quando a
dureza da vida no mar os empurrava para as margens do rio.
Os avieiros viviam entre o mar e o rio, adaptando-se às
condições difíceis de cada estação. No entanto, entre as décadas de 1940 e
1950, este movimento sazonal começou a dar lugar à fixação definitiva nas
margens do Tejo. No Escaroupim, tal como noutras aldeias avieiras, este
processo de sedentarização foi impulsionado por razões económicas: o aumento
das famílias, os custos das deslocações e os baixos rendimentos da pesca
forçaram os pescadores a estabelecer-se permanentemente.
A Vida na Aldeia Avieira
O Escaroupim, com as suas características casas
palafitas erguidas sobre estacas de madeira, tornou-se um símbolo da
arquitetura avieira e da vida simples mas resiliente dos seus habitantes. Estas
construções, adaptadas às cheias do Tejo, são um testemunho vivo do engenho e
da capacidade de adaptação dos pescadores.
A aldeia avieira preserva ainda tradições culturais e
gastronómicas que refletem a influência do rio na vida quotidiana. A pesca
continua a ser uma atividade emblemática, e o ambiente tranquilo da aldeia
atrai visitantes que procuram um contacto mais próximo com a natureza e a
história local.
Património e Identidade
A ligação do Escaroupim ao passado é também evidenciada pela
igreja de S. António, mencionada nas memórias paroquiais de 1758, e pela rica
história que percorre os seus trilhos e margens. Cada elemento da aldeia
contribui para preservar a identidade singular deste espaço ribeirinho,
transformando-o num ponto de interesse turístico e cultural.
Em conclusão A aldeia avieira do Escaroupim é
um testemunho da fusão entre o homem e o rio, onde a história, a cultura e a
natureza se unem. Ao explorar este local, descobre-se não só um pedaço da
história do Tejo mas também a resiliência de uma comunidade que transformou as
adversidades em identidade e tradição.