O pedido de registo foi submetido pela Associação dos Amigos
do Tocá Rufar e resulta de um processo de investigação conduzido entre 2016 e
2020 em colaboração com comunidades de grupos de bombos e respetivos
protagonistas um pouco por todo o país.
Em comunicado hoje divulgado, o instituto público Património
Cultural revelou que aprovou a inscrição da manifestação "Práticas
Coletivas do Bombo em Portugal" no Inventário Nacional do Património
Cultural Imaterial (INPCI).
Com esta inscrição, o Património Cultural "reconhece a
relevância desta prática na matriz identitária de várias comunidades
portuguesas na atualidade, a sua importância histórica e influência social,
cultural e educativa nos territórios em que se insere, as dinâmicas de
reprodução e transmissão desenvolvidas geracionalmente e entre os grupos e
intervenientes relacionados".
A Associação dos Amigos do Tocá Rufar submeteu a candidatura
ao Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, com o projeto
"Construção e Práticas Tradicionais Coletivas dos Bombos em
Portugal", no dia 17 de janeiro de 2020.
Rui Júnior, percussionista e fundador dos Tocá Rufar, disse,
em declarações à agência Lusa, que a integração das práticas coletivas do Bombo
em Portugal no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial representa
uma afirmação de uma comunidade que tem atualmente mais de 400 grupos
recenseados.
Por outro lado, adiantou, traz a consciencialização por
parte dos grupos da importância cultural e comunitária da atividade e de uma
linguagem musical reconhecida como sendo portuguesa.
"Espero que os grupos tomem agora mais consciência do
valor que têm", frisou.
A Associação dos Amigos do Tocá Rufar nasceu há 28 anos para
promover formação artística e cultural para a afirmação da percussão
tradicional portuguesa e desenvolve no concelho do Seixal, no distrito de
Setúbal, um projeto de oficinas de percussão do Curso Regular Tocá Rufar nas
escolas do 1.º ciclo do ensino básico, que no último ano letivo envolveu quase
1.100 alunos.
Segundo o Património Cultural, as práticas coletivas do
bombo em Portugal, de caráter performativo e musical, são realizadas por grupos
organizados de tocadores de bombo e caixa, podendo incluir instrumentos
melódicos.
Estas práticas performativas executadas por músicos
especializados tradicionalmente ocorrem em contextos públicos, em dias ou
momentos de grande importância social local.
"Milhares de pessoas por todo o país participam direta
ou indiretamente nas atividades relacionadas com as práticas coletivas dos
bombos, tocando ou vendo e ouvindo as performances, usando-as nas suas
dimensões educativas, de animação ou de lazer, reconhecendo-as como elementos
culturais identitários das suas comunidades, das suas regiões e do seu
país", refere o Património Cultural adiantando que a transmissão de
conhecimentos relacionados com estas práticas faz-se através de ensino formal
ou informal pelos elementos mais experientes dentro de cada grupo.