A vila de Coruche vai receber, no sábado, 17 de agosto,
feriado municipal, um cortejo histórico e etnográfico, no âmbito das festas em
honra de Nossa Senhora do Castelo, que terá como tema o território, as
paisagens e as gentes do concelho.
Em comunicado, a Câmara de Coruche, no distrito de Santarém,
explica que o cortejo pretende explorar “a geografia da região e as suas
comunidades ao longo dos séculos”, assim como “a riqueza geográfica, as
tradições seculares e as memórias das gentes coruchenses”.
A autarquia prevê a participação de cerca de mil
participantes, provenientes de todas as freguesias e associações do concelho,
que vão retratar os costumes, os usos e as tradições da região.
Mais uma vez, as freguesias do Concelho unem-se para dar
vida à celebração, apresentando quadros que retratam a história local e
representações que prometem cativar os sentidos e avivar memórias. De Coruche,
que destaca a importância das icónicas pontes que ligam o território, de
tradições como a resinagem e o caiar das casas, e do papel do Rio Sorraia na
vida comunitária, à Fajarda, que celebra o povoamento e o aforamento local, da
herdade à aldeia, cada quadro do cortejo traz à vida episódios marcantes da
história local.
A freguesia de Santana do Mato recorda as vivências da
comunidade rural do Monte de Carregais através da formação de comunidades
agrícolas e do transporte e venda ambulante de pão, mas também da Escola de
Carregais e da caça na charneca, ao passo que a Freguesia de São José da
Lamarosa destaca o papel crucial da monda do arroz e do sobreiro na economia
local e numa paisagem em evolução, dos campos de cereais à riqueza da floresta.
Vila Nova da Erra transporta-nos às fontes e nascentes que alimentam a terra e
os moinhos de vento que transformam os grãos em farinha, elementos fundamentais
da subsistência local. Já no Biscainho é celebrada a força do regadio e a
transformação agrícola decisiva para o progresso graças à obra de rega do Vale
do Sorraia, assim como no Couço, onde se forma o rio Sorraia e onde os cortejos
de oferendas evocam um passado de solidariedade e devoção, revivendo as
travessias do rio e os cortejos de oferendas em benefício do Hospital do Couço.
Por fim, a freguesia da Branca rememora a evolução da
comunidade local à luz da história da Associação Juventude União Figueirense,
formada em 1948 no terreno agrícola que pertencera ao benemérito Manuel de
Sousa Frigideira, que ainda dá nome ao campo de futebol do clube. Ao longo do
tempo, a alteração da paisagem do Concelho resulta essencialmente da sua
humanização e do papel transformador do Homem através de mudanças
significativas na sua estrutura produtiva, económica e territorial, mas
mantendo a essência e a resiliência das gentes. O cortejo, sendo uma
manifestação cultural e social, assenta nestes princípios, tendo-se adaptado ao
tempo e ao espaço, mas cumprindo sempre a sua função histórica e antropológica.