Sábado, 23 de Novembro de 2024

Personalidades

Publicada em 16/06/24 às 10:59h
Entrou para a política contra a prevalência de Cavaco Silva e é viciado em trabalho
Presidente da Câmara Municipal de Almeirim – Pedro Ribeiro (PS)

O Mirante

 (Foto: O Mirante)


Quis o destino que Pedro Miguel Ribeiro viesse ao mundo no dia dos namorados, dez semanas antes da Revolução do 25 de Abril. Talvez esse tenha sido também um motivo pelo interesse que tem em conhecer as histórias do tempo da ditadura e da Guerra Colonial onde o seu pai combateu, em Moçambique, tendo ao longo do último ano antes dos 50 anos da revolução divulgado várias fotos do progenitor na ex-colónia. Em meio século de vida, praticamente dois terços têm sido dedicados à política, primeiro na Juventude Socialista já debaixo da “protecção” do anterior presidente da câmara, o professor José Sousa Gomes, que lhe ensinou a arte de andar na vida pública e nos partidos e na relação com os munícipes, bem como na estratégia de ter o apoio das colectividades.
O salto para a política activa aconteceu aos 18 anos num acto de revolta perante o facto de o PSD de Cavaco Silva estar a dominar a campanha para as legislativas acabando por conquistar uma maioria absolutíssima de 50,6% relegando o PS para os 29,13%. Disse ao pai que gostava de falar com o presidente da câmara e Álvaro Ribeiro proporcionou-lhe o contacto com um dos autarcas mais respeitados da região. Nas eleições de 1983 integrou a lista para a assembleia municipal e com 19 anos é escolhido para presidir à comissão de juventude, mostrando que não estava ali para fazer figura de corpo presente mas para intervir nas sessões. Organizou em conjunto com os bares da cidade uma iniciativa em que os jovens recebiam senhas de bebidas. O objectivo era evitar que fossem para outros concelhos à noite prevenindo perigos como o de acidentes, ao mesmo tempo que desenvolvia uma campanha de prevenção da toxicodependência.
Pedro Ribeiro não foi jovem de grandes aventuras e focava-se
mais nos seus objectivos de vida que passavam pela política e pelo sonho de ser presidente da câmara. Na adolescência fez ginástica desportiva e jogou basquetebol porque não tinha jeito para o futebol, desporto que acompanha, sendo adepto do Benfica. Na mesma equipa jogou outro autarca, com o mesmo nome, que veio a ser presidente da Câmara do Cartaxo. Quando o treinador mandava entrar Pedro Ribeiro ficavam os dois à nora a tentar perceber qual deles era. Fez parte da selecção distrital e estava na equipa quando foi campeã distrital. Interrompeu o percurso escolar em Almeirim para ir estudar no 10º e 11º na Escola Dr. Ginestal Machado, em Santarém, voltando à terra natal para fazer o 12º ano. Começou o primeiro ciclo nas antigas escolas velhas, no edifício da Igreja do Divino Espírito Santo, e ao fim de três meses foi inaugurar a Escola P3, que recentemente foi requalificada.
Quando tomou posse para o seu primeiro mandato no município, em 1998, ficou responsável pelos pelouros do Ambiente, Juventude, Toxicodependência e Protecção Civil, área à qual sempre dedicou uma grande importância, tanto que se tornou presidente da direcção dos Bombeiros Voluntários de Almeirim e enquanto presidente da autarquia conseguiu captar para a cidade investimentos a nível nacional, como o comando nacional da Força Especial de Protecção Civil e a Unidade de Reserva Logística Nacional, criando o maior campus da protecção civil do país. Uma das áreas que também lhe é mais querida é o desporto, tendo entrado para vereador com esse pelouro em 2001.
Pedro Ribeiro vai com a frequência quase diária comer a casa dos pais mas não permite a interferências destes na sua actuação autárquica, nem é de falar sobre o que anda a fazer. Também é bastante reservado sobre a sua vida privada, sobretudo depois do relacionamento com a política do seu partido Jamila Madeira quando esta era deputada no Parlamento Europeu e do qual nasceu um filho. Pedro Ribeiro, que também é membro do comité das regiões da União Europeia, cargo não remunerado, é viciado em trabalho. Levanta-se cedo para ir às reuniões de encarregados no estaleiro do município, acompanha no terreno todas as obras, seja o alcatroamento de uma rua, seja o simples tapar de um buraco. Chega a andar até altas horas da noite a ver o que foi feito durante o dia e aos fins-de-semana desdobra-se a marcar presença nos eventos culturais e desportivos no concelho; até dizem por brincadeira que deve ter um sósia.
A pandemia e as restrições impostas afectaram-no bastante porque lhe faltava a adrenalina do trabalho. O filho fez com abrandasse um pouco o ritmo para estar com ele e sobretudo para o levar a visitar locais da região e do país. Às vezes é visto a fazer caminhadas na cidade e já foi a Fátima a pé. É quadro na Autoridade Tributária onde, em três décadas de carreira partidária, chegou a trabalhar quatro anos, seguindo o conselho do seu antecessor de que quem vai para a vida política deve ter um emprego para o qual pode voltar quando sair das funções públicas. Confessa que trabalhar nas Finanças não é o que o faz feliz, mas como tem contas para pagar terá de se sujeitar se não tiver cargos políticos. Quando era jovem, o pai e o avô obrigavam-no a levantar-se cedo para ir para o campo ajudar nas tarefas agrícolas.




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